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segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

#crônicas: je veux uma colher pra beber vinho, s'il vous plaît.

Janeiro de 2014, eu em minha primeira vez em Paris, com minha melhor amiga à tiracolo. Esse é o cenário de mais um fato cômico que aconteceu comigo durante meu ano de intercâmbio. Aliás, Paris já começa cheia de histórias hahaha.

Parríiiii!
Vocês já devem ter recebido o mesmo conselho que eu de algum abelhudo, alguma vez na vida: franceses não gostam de estrangeiros. Franceses não gostam que lhes dirijam a palavra em inglês. Franceses isso. Franceses aquilo. É ou não é? Pois então, nessa minha primeira vez em Paris, eu fui cheia de receio. Saí decorando frases úteis, evitando ao máximo pedir informações e, se eu realmente precisasse, que eu pedisse pro indivíduo com mais cara de estrangeiro possível. Tipo um asiático. Turistas ajudam turistas sempre, em qualquer lugar do mundo. 

Cheguei da Bélgica em Paris, via Megabus, no Porte Maillot. Fui seguindo o fluxo de passageiros até o metropolitan, e chegando lá me virando com a maquininha de comprar o ticket diário. Minha tristeza foi que eu não consegui usar e fui obrigada a ir no guichê comprar direto com o atendente.
"Salú. Jê nê parlê pá frrrancê. Parlê vu anglê?" Essa foi minha frase clichê decorada para toda e qualquer situação em que eu precisasse falar com algum nativo. Momentos de tensão. 


Pezinhos no metrô parisiense.
Enfim, comprado o ticket, eu precisava chegar no Hostel. E, mano, entender um mapa de metrô - de Londres ou Paris - na pressão, é tarefa árdua, amigos. Com a graça de Nossa Senhora dos Mochileiros Desesperados, que rogou por mim, cheguei na estação do albergue, que ficava no clássico bairro de Montmartre. O bairro da Sacre Coeur, boemia, Le Chat Noir, Moulin Rouge e, o lugar mais próximo do meu coraçãozinho, Le Deux Moulin: o café onde Amélie, do filme Le Fabuleux Destin d'Amélie Poulin trabalhava.

Sacrecré.
Ô sofrença.
Lá na estação, eu tive que usar o meu francês maravilhoso pra perguntar qual é a rua que eu precisava. "Bonjour monsieur! U ê le ru Lepic?" Depois de um grunhido mal humorado, uma repetição da pergunta e um aceno de cabeça, ele meio que me respondeu. Da maneira mais francesa possível. O importante é que eu achei o hostel, me instalei, me arrumei e bati perna o dia inteiro.

Quando eu tive a chance de entrar dentro do Le Deux Moulin, já era o outro dia, com a Marília. Ela é francofônica, então esse dia foi muito mais lindo e prazeroso. Só passei vergonha pedindo crepe lá perto da Basílica de Notredame (jê vô an crepe du frrrromage avec - insira carne em francês aqui porque eu não lembro). Mas enfim, foco. 


Lá no Le Deux Moulin, eu e a Lila pedimos uma taça de vinho rosê cada. E lá é lindinho, porque eles servem pipoca como aperitivo. 0800 manolos. Tudo que é 0800 pra mochileiro é manjar dos deuses. Mas acontece que Amélie Poulin é um dos meus filmes favoritos de todos os tempos, e eu queria muito muito tirar uma foto como a clássica foto da Audrey Tautou com a colher. PRE-CI-SA-VA.

Pipoca com vinho, why not.

O contexto dessa foto da Audrey é quando a personagem, Amélie, conta como ela ama quebrar a casquinha de açúcar de um créme brûlée antes de degustar. Uma das minhas opções para ter minha foto era tão simples como... pedir um créme brûlée. Mas acontece que como para todo mochileiro, dinheiro era uma questão importante. Pedir uma sobremesa que me custaria 10 euros por causa de uma colher era meio que fora de cogitação. 

Então eu fiz o que todo brasileiro descarado faria: chamei o garçon... e pedi uma colher. Pra comer a pipoca cortesia. E beber meu vinho. E obviamente fui chacoteada pela minha amiga E pelo garçon, que, honestamente, já deve estar acostumado tanto com o pedido inusitado como com brasileiras inconvenientes hahaha. O importante é que eu consegui minha foto. O resto é resto. 


Eu e Lilocs. Lilocs e eu.
Moral da história: não tenham medos de serem... peculiares. É melhor se arrepender de uma vergonha que de não ter tirado sua foto dos sonhos. Beeeijos.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

#crônicas: Sobre o dia em que eu fiz xixi na roupa, na estação de trem.

Ei, gente!

Então, estava eu pensando com os meus botões e, minha nossa, quanta coisa engraçada eu vivo nessa minha vida, viu. E muitas dessas coisas rolaram durante o intercâmbio, em Eurotrips, ou mesmo no meu dia-a-dia. Resolvi, então, unir o útil ao agradável e vir aqui, neste humilde recinto virtual, dividir as histórias mais hilárias que eu me lembrar. Sabe como é, um pouquinho de humilhação pública pra começar o ano bem! 
Sejam bem-vindos à hashtag crônicas: as muitas aventuras desta guria do barulho que vos escreve.

A primeira historinha que eu vim contar é essa: Sobre o dia que eu fiz xixi na roupa, na estação de trem.


Era o fim de janeiro, fim do meu primeiro mochilão pela Europa e eu voltava da última cidade, Edimburgo, na Escócia, de volta pra Manchester. Sabem como é mochilão, né, sempre um perrengue de dinheiro, sempre um perrengue de tudo, e eu tinha achado essa passagem maravilhosa da Escócia pra Manchester, de trem-ônibus-trem por maravilhosas 8 libras. Gente, 8 libras, da Escócia pra Manchester? Nem pensei duas vezes e comprei. Nem pensei nas 6 horas de viagem.

Edimburgo já foi um caso à parte de perrengues, por ser o último lugar. Estava super cansada, morrendo de frio, só querendo mesmo me enfiar debaixo do edredom na cama quentinha do hostel. E pra completar o perrengue, eu já estava vivendo momentos tensos de ~polaciúria~ e ~urgência urinária~ desde Paris. Como pra bom estudante de Medicina, meia lista de sintomas basta, vocês podem presumir que o que parecia ser uma delicada infecção urinária estava se instalando. Pois bem. Back to our goats.

Essa passagem baratíssima que eu encontrei era um mix de trem e ônibus, pela Virgin Trains. Eu sairia de Trem de Edimburgo até uma cidade x. Um ônibus dessa cidade x até uma cidade y. E dessa cidade y eu pegaria outro ônibus até Salford Crescent, a estação mais próxima da uni accommodation.
No trem eu estava de boa. Uma garrafa de 500mL de água e uma leve vontade de fazer xixi, mas nada emergencial. Não quis ir no banheiro do trem porque era poucas paradas até a minha, e na minha doentia lógica "não ia dar tempo". Fui enrolando, enrolando, enrolando, e a vontade apertando. Mas aí realmente não ia mais dar tempo, e eu decidi que iria no banheiro da estação onde eu saltaria, ou no ônibus mesmo. 

Chegando na estação, a surpresa: o ônibus já tava parado esperando a galera pra sair. Tive que ir correndo pra não perder (e a bexiga que só Jesus). E chegando seca num banheiro. Quando eu subi no ônibus: TCHARAM! Não tinha banheiro. NÃO. TINHA. BANHEIRO. E, meus amigos, a vontade de mijar era fenomenal. "Tá tudo bem", eu pensava, é tudo psicológico. Rapidinho eu chego. 

Rapidinho, uma ova. Eram três horas de viagem, e a vontade só apertava. E pra variar, como todo santo dia na terra de Beth, choveu. E eu via aquela chuvinha, e só pensava em xixi. Xixi xixi xixi xixi xixi. Minha sorte é que o boy (na época ainda atual, e não ex) ligou, e passou uns bons 40 minutos no telefone comigo, pra me distrair. 

Só sei que quando eu cheguei na estação final, eu saí correndo na frente de geral, desesperadona. Só deu tempo de parar o primeiro oficial que eu vi pela frente e perguntar "hey, where can i find a toilet?". Ele me apontou a direção, eu gritei "cheers" meio que já virando as costas e saí correndo estação afora. Correndo, literalmente. Mochilão nas costas, bexiga gritando socorro e Rayra corria. Corria, corria, corria, e cara**o, cadê essa po**a de banheiro filha da p**a!!!!

O banheiro estava se aproximando, e como rege a lei fundamental das vontades incontroláveis de mijar, o esfíncter uretral externo, de controle "voluntário", foi perdendo a força. Foi perdendo a força na primeira porta. Na segunda porta (porque, sim, os banheiros no Reino Unido tem sempre duas portas, que se abrem para direções opostas, por questões de fire safety) o coitado estava pra morrer. Quando eu cheguei nas proximidades de um vaso, não deu. Mijei nas calças. 

Sentei no vaso de calça jeans e mochila nas costas, e só sentia aquela poça de xixi se formando na minha bunda, e eu pensando "que merda". Sorte a minha é que era um mochilão, né. Na minha mochila tinha SOS higiene, calcinhas limpas, calças limpas, meias limpas e o que mais precisasse. No banheiro mesmo eu me limpei, me troquei, guardei as roupas fedidas em uma sacola e me mandei. Rabinho entre as pernas, sentei na sala de espera tentando fingir uma cara de "não fiz xixi nas calças", e catei meu diário de viagem pra escrever o feito enquanto o segundo ônibus não chegava.

Aff, esses perrengues...