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quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Human Biology and Infectious Diseases e Medicina: compensa?

Enrolei muitão pra escrever esse post, né, gente? Mas antes tarde do que mais tarde, não é o que dizem? Pois então, hoje, a pedido de muitos, incontáveis estudantes de Medicina interessados na Uni of Salford, eu vim contar sobre a minha experiência com o curso que eu escolhi: Human Biology and Infectious Diseases (HBID).

Featuring: cara de bolacha.
Como vocês podem ler aqui e aqui, eu tive motivos o suficiente e expectativas mil para esse curso. Eu sempre fui encantada por doenças infecciosas, infectologia era (e ainda é) uma grande opção de residência e a perspectiva de passar um ano estudando só isso era surreal. Fui mega animada achando que ia terminar meu ano de intercâmbio praticamente com um título de especialista em infecto... oh well... about that... o que eu não imaginava era que o curso em si não era tão aprofundado quanto eu pensei. E não tão voltado à biologia humana assim. Mas vamos tópico por tópico?

 
Sala de aula: até aquecedor pro pezinho rola. 
No 3º ano de Human Biology and Infectious Diseases, eu cursei cinco disciplinas, e vocês podem ler a descrição oficial delas aqui, é só clicar na tab "Course Details". Eu vou dar a minha própria descrição aqui e já vou logo avisando: elas não vão ser as mais encorajadoras.

1. Advances in Pathophysiology

Nessa matéria eu passei o ano inteiro estudando duas coisas: DPOC e Asma. Sério, o ano inteiro.
A professora da disciplina era a Drª Lucy Smyth, super britânica, e as aulas eram às segundas-feiras. Então a minha primeira aula de todas na University of Salford foi exatamente dessa disciplina. E eu lembro bem que a primeira aula foi uma revisão do ano anterior... e a revisão era de que? Fisiologia cardíaca. O que me lembra que tem um causo pra contar...

 
Spotted: Profª Drª Lucy Smyth.
Bom, na primeira parte da aula a professora estava lá, com o super multimídia dela, distribuindo controles remotos para cada aluno para a gente responder os questionários que ela passava no quadro como se nós estivéssemos na plateia do Domingão do Faustão, dando nota pro Dança dos Famosos. Sério. Altas tecnologias.
Mas enfim. Vocês podem imaginar que uma estudante de Medicina, que terminou o 8º período, já passou por fisiologia 1, 2 e Cardio na faculdade, de modo que pelo menos o básico de fisio cardíaca eu sabia. O que ela estava falando na aula, eu sabia... em português. Mas as denominações em inglês eram coisas novas pra mim, então eu tive a *brilhante* ideia de ir conversar com a Lucy no intervalo.
"Hey, sorry to bother you so early, but I'm Rayra, a Science Without Borders student... don't know if you heard of it yet. Anyway, I'm a medical student, and I've studied all of this, but I'm having huge trouble with the names in English... do you have any books or references to recommend so I can catch up with the terms?" 
Ah, mas pra que. Na segunda parte da aula, acho que a professora meio que resolveu botar meu conhecimento e minha "cockiness" à prova, e começou a fazer as perguntas diretamente pra mim. Teve uma hora que ela simplesmente botou o pointer na minha mão e falou: aponta qualquer estrutura e dê o nome. Eu, com o cu na mão, consegui apontar o Nodo Sino-Atrial e dar o nome... todo cagado. "Sinoatrial.............node?" "Yes, that's right, sainoeitrial node". E foi assim que minha cara foi no chão. Mas EU AVISEI que não sabia os nomes em inglês, bosta. #chateada]

Prática de cardio, em que a gente teve que reconhecer as estruturas em um coração... de veado.
Tá, mas back to our goats, depois de passada as revisões de fisiologia cardiorrespiratória, começou o que seria a matéria real: Asma e DPOC. Fisiologia, métodos e exames diagnósticos, como fazer e interpretar os resultados de uma espirometria, visitas facultativas a um hospital, uma prática de fisiologia respiratória no exercício, e um trabalhinho em grupo. O que aliás, me lembra de outro causo...
Mr Potter fazia aula conosco, mas era o Mr Potter errado.  
Enfisema Emphysema ft. Skittles!
Graças à viagem de campo de Biology of Parasites (que eu vou contar mais abaixo), eu fiz amizades na sala de aula, e eu não fiquei sozinha pra fazer grupo. O trabalho era basicamente interpretar um caso clínico e dar o diagnóstico... mas vejam bem, só tinham dois diagnósticos possíveis: DPOC ou asma. Acontece que eu, como única estudante de Medicina da turma, resolvi que meu grupo deveria seguir um raciocínio médico: listar os problemas, dar diagnósticos anatômico, sindrômico, diferencial e hipótese diagnóstica, considerando toda a gama de doenças possíveis, inclusive (e principalmente) doenças infecciosas. Eu lembro bem de que o cara tinha um fator de risco ocupacional, inclusive. Enfim, os meninos (dois Allan's, diga-se de passagem) concordaram comigo, nós fomos o único grupo a dar diagnósticos diferenciais tão extremos como Tuberculose e Esporotricose, e também fomos o grupo a tirar a maior nota da sala: 80!
Eu acabei fazendo o meu Summer Placement também nessa área, mas isso eu conto em outro post.

Eu e Manu trabalhando duro no Summer placement.
2. Clinical Immunology

Tá, é hora de começar a admitir as furadas do intercâmbio. Minha assiduidade nas aulas de imunologia foram um tanto quanto... peculiares. Mas tem explicação.
Primeiramente, eu já havia passado por imunologia na Unirio e, diga-se de passagem, a imunologia por aqui é bem aprofundada e bem foda de passar. Não é como se eu me lembrasse de muita coisa, mas eu lembrava o suficiente pra passar na matéria sem ir nas aulas teóricas.
O foda foi as práticas. Eu me lembro bem, minha primeira aula prática de imunologia, eu e a Beatriz (que também fazia o mesmo curso que eu), com um livro de instruções pra fazer nem-lembro-o-que e eu, que não sabia nem pipetar, mais perdida que filho da p*ta em dia dos pais. Fui até o professor, Dr. Stephen Heath e pedi ajuda. Disse que eu era estudante de medicina, que no Brasil nós não tínhamos aulas práticas em laboratório, se ele podia me ajudar. O cara simplesmente olhou pra mim de cima pra baixo e me perguntou o que eu estava fazendo no terceiro ano de HBID se eu não conseguia nem pipetar. Falou que eu deveria voltar pro primeiro ano ou pagar à parte pra fazer um curso, porque ele não me ajudaria. Escroto pra cara**o.

Primeira lab class: feliz da vida pegando em uma pipeta.
Não preciso dizer que a gente não conseguiu terminar o experimento à tempo, nossos resultados foram um lixo, eu me senti um lixo e tomei raivinha da matéria né. Não fui mais às aulas práticas, tentei desfazer minha matrícula na disciplina, mas não deu... enfim. Fiz os trabalhos (não todos), e passei na matéria no final, e isso é que importa.

Eu ri pra não chorar.
Naquela tal viagem de campo eu descobri que o Dr Stephen Heath não é tão babaca quanto ele parece. Mas que deu raiva, deu.

3. Veterinary and Zoonotic Infectious Diseases

Doenças infecciosas zoonóticas e veterinárias. Veterinárias... VETERINÁRIAS. É tudo o que eu lembro dessa matéria. Juro pra vocês gente, depois que eu tive uma aula sobre tuberculose bovina, eu meio que me desestimulei da matéria. Como vocês podem ver, muitas coisinhas me desestimularam do curso no fim do dia.
Pra vocês terem uma ideia, o trabalho em grupo que eu tive que apresentar em VZID (que, aliás, eu não fiquei sem grupo graças à mesma viagem pra Malham que eu já mencionei trezentas vezes), foi sobre os parasitas do panda gigante. Sério, gente, que estudante de Medicina na vida ia querer fazer uma trabalho sobre isso. Que se dane o panda, gente, eu quero é cuidar de gente! Fiquei muito frustrada, de verdade.

4. Medical and Public Health Microbiology

Ah, o professor de MPHM era muito engraçadinho, gente! Aliás, eram dois: Dr. Richard Birtles e a mocinha, mas eu esqueci o nome dela.
A aula era pura microbiologia, e é por isso que eu fiquei meio sem saco no final das contas, porque, né, já tinha estudado tudo e passado na matéria no Brasil, meio que não queria estudar isso de novo. O que eu me lembro de todas as aulas foi quando ele comparou a sogra dele com uma vaca, e falou que nós temos 10 bactérias pra cada célula do nosso corpo. Cara, é bactéria pra cac*te.
As aulas práticas também foram muito daora. A gente teve que fazer cultura de bactérias do nosso ambiente e microbiota em diferentes meios, e isso é uma parada que eu não tinha feito no Brasil. Aliás, crescer cultura, corar culturas e fazer antibiograma, coisas muito legais que eu queria poder fazer de novo! Meu par nessa prática foi o Thiago, brazuca, CSFer e estudando farmácia, então o que eu não sabia, ele me ensinou! Foi bem legal mesmo!

Status: apaixonada pelos meus cocos Gram+
O report que é meio chatinho de se escrever. Aliás, todos os reports que eu tive que escrever eram meio insuportáveis, porque eu tive que lidar com estatísticas e gráficos, coisas em que eu não sou exatamente boa. Mas vida que segue.

5. Biology of Parasites

Essa matéria foi um mix de parasitologia e doenças infecto-parasitárias: a gente estudou os ciclos dos bichinhos e a patogênese das doenças que eles causam no corpo humano. Então, foi até gostoso de estudar, e meio o que eu estava esperando de todo o curso de HBID quando eu saí do Brasil. A minha frustração foi somente que as doenças que eles estudaram (e me fizeram estudar) foram bem básicas... tipo malária e dengue, doenças diarreicas e esse tipo de coisa. Tipo, eles estudaram dengue como se fosse a coisa mais rara do universo (e de fato, pra eles é, né). Eu assistia a essas aulas pensando: cara, essa galera podia passar um mês estudando doenças infecciosas no Brasil, e aí sim a gente ia ter uma conversa de igual pra igual.


A prática, como eu já mencionei, foi uma viagem de campo. Eu não vou entrar em detalhes, porque eu já escrevi um post só sobre isso, e vocês podem lê-lo aqui. Resumidinho, nessa viagem de campo a gente foi pra um lugar bem no meio do nada, em uma casa enorme cheia de laboratórios e quartos, e tivemos que "botar a mão na massa" pra procurar por vermes em peixes, coelhos e ratinhos. Claro que nós tivemos que escrever um artigo sobre isso depois, com todas as estatísticas ao longo dos anos e tudo... o que me fez ter que sentar a bunda na cadeira e aprender a fazer estatísticas no excel.

Rocking the chi-squared test.


 

O legal disso foi que tendo todos os alunos juntos nessa furada situação, fez com que a aproximação com eles acontecesse de modo mais natural. Rolou até professor bêbado vindo falar com a gente sobre quando ele passou um tempo no RJ, dez anos atrás, pra estudar Doença de Chagas (amigo, se quisesse estudar Chagas era melhor ter ido pra Belém, não?).

 
Malham Fashion Week
Achei muito legal também a estrutura do lugar. Muitos quartos, laboratórios, café da manhã, lanche pro almoço, jantar, um bar no lugar, biblioteca... fora o lugar em si, que era um paraíso pra aspiras a fotógrafos. Foi bem legal! Me deu até saudade, agora, por deus do céu.

 
 
David arrasando no Giant Jenga.
Sabe, eu queria voltar no tempo e tentar curtir ainda mais a situação, ir com o coração mais aberto mesmo. Aliás, olhando assim, nesse clima lookback, eu queria ter curtido mais todas as disciplinas. Percebo hoje que, apesar de não ser exatamente o que eu estava procurando, poderia ter sido bem mais engrandecedor. Mas enfim...
Minha grande conclusão, objetivamente falando, é que HBID é sim interessante para um estudante de Medicina, mas só se for um estudante que ainda não tenha rodado em Parasito, Microbiologia, Imuno e DIP (matérias que, pelo menos eu, concluí no quarto e sexto período da faculdade).
Subjetivamente, como eu concluí ali em cima, varia muito de receptividade e disposição. Eu confesso que fui perdendo o interesse na faculdade ao longo do intercâmbio, sentindo falta de hospital, medicina e contato com pacientes. Talvez se eu tivesse permanecido de coração aberto, teria tirado muito mais proveito da situação.
Mas agora já passou, e só me resta mesmo olhar com saudosismo e gratidão.

Espero que eu tenha ajudado vocês a tomar uma decisão!

Beijos!

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Catching up: first week (of classes?).

Hello, galerinha!

Oito dias depois do último post, vim hoje fazer um apanhado geral da última semana, que foi minha primeira semana de aula. Em outras palavras, eu sou uma péssima blogueira, não dou conta de viver e escrever, e peço mil desculpas (de novo), por mais que isso seja super chato. So let's get this started!

Então, como eu já disse aqui, segunda passada, dia 23, foi o dia da minha Police Registration, então eu tive que faltar a aula da manhã, de Clinical Immunology. Mas como minha segunda-feira foi criada pelo tinhoso, eu tive aulas à tarde também, de 2pm até 6pm.

De 2pm até às 4pm eu tive aula de Advances in Pathophysiology, que de avanço não tem nada. A matéria, minha gente, e aqui eu direciono especialmente pros coleguinhas da Medicina que estão secos pra saber como é o meu curso, foi repeteco de fisiologia cardiorrespiratória. No nível: onde ficam localizados os pulmões, quantos lobos cada um tem, árvore brônquica e etc. Foi meio que... decepcionante. Mas não digo aqui que não foi útil, de certo modo. Essa aula em si foi literalmente uma revisão do segundo ano do curso, ou seja, não é o que eu vou estudar de fato, e foi bom pra dar aquela pincelada na terminologia médica em inglês, que pode ser bem complicadinha, até pra quem conseguiu o nível de proficiência sossegado que nem eu. 

Ahhh, aconteceu uma coisa engraçada nessa aula! Eu, anta como sempre fui, caí na besteira de conversar com a professora no break. Falei com ela que eu era intercambista, que eu fazia Medicina no Brasil, que eu já tinha estudado tudo aquilo que ela estava ensinando, mas que eu tinha dificuldade com a terminologia em inglês, então se ela pudesse me indicar um livro eu ia achar ótimo. Tá, até aí show. Acontece que a segunda parte da aula recomeçou e eu estava viajando na maionese, pensando na morte da bezerra, quando de repente a professora pára do meu lado, me passa o pointer e me manda nomear qualquer estrutura no slide. Caralho, mermão, caralho... qual a parte do "eu não sei os nomes das coisas do pulmão/coração em inglês" essa mulher não entendeu?! Suei frio, apontei pro nodo sino-atrial e disse "node........... sino........ eitrial.........?" pro que, gloriosamente, ela sorriu e disse "é isso aê, saino-eitrial node (sino-atrial node)". Porra, que vergonha que eu passei, mas até que me saí relativamente bem (perto da merda que poderia ter sido).

Enfim, às 4pm eu tive uma outra aula, de Medical and Public Health Microbiology, que foi só introdutória do módulo. Thing is: o professor, inglês obviamente, com sotaque britânico obviamente, é gago. GAGO. Passei metade da aula concentrada em tentar entender o que ele estava falando, e a outra metade segurando o riso. Sou palha assim mesmo.

Na terça-feira, vejam bem, eu não tenho aulas! Mas uns amigos CSFistas se apresentaram numa Open Mic, no bar da nossa Uni, e é claro que eu catei essa oportunidade de usar minha câmera nova sem dó (e beber, claro) e fui prestigiar o "Trio ternura e o amazing Zé"! Olha só que lindo que foi: 


Eu iniciando um relacionamento sério com uma pint.
E ainda, depois de toda essa cantoria, os nossos CSFistas arquitetos fizeram a gente fazer o tal do berequetê e os veteranos fizeram aquela entrevista dos trotes, sabe comé? Nome, idade, de onde é, opção sexual, curso, relationship status, etc. Tudo isso pra terminar a noite com chave de ouro, adivinhem onde! No Mc Donald's! Comendo uma Happy Meeeaaaal! :P 

Veteranos e calouros de Salford juntinhos: uma miséria de brasileiro.
Na quarta-feira, outro dia de folga, só tive aulas (que nem obrigatórias são) de 9am às 10am. Vou explicar o porquê: esse dia é reservado pras atividades direcionadas ao "Final year project", que é o TCC dos gringos. Eu entrei no terceiro ano, que é o último deles, mas como eu sou CSF, minha graduação é sanduíche e talz, e eu não preciso fazer esse trabalho de conclusão de curso (muito embora eu preferisse fazer esse e dispensar a trabalheira no verão). Então eu fui lá pela manhã, assinei o "register" e vazei. Hihihi.

Mas, porém, contudo, entretanto e todavia, na quarta mais tarde os mesmos amigos que se apresentaram na Open Mic Night se apresentaram também no Salford Music Festival! Ééé, eles foram convidados depois do espetáculo que foi a apresentação deles no bar! Então depois de dar as caras no aniversário de uma coleguinha CSF, nós todos nos dirigimos ao The Hope Pub pra assistir os amigos! Olha aí uma das músicas: 


O relacionamento virou um threesome muito daora.
Quinta-feira foi dia de Veterinary and Zoonotic Infectious Diseases, que foi - de novo - pura aula introdutória, e sexta-feira eu tive Biology of Parasites, com o mesmo professor, também aula introdutória, mas desesperadora em certo modo...

A matéria teórica é mel na chupeta: ciclo das doenças infecciosas mais importantes (que eu já vi trezentas vezes no decorrer da vida). Mas as aulas práticas, meus amigos... a gente vai ter um estudo de campo onde a gente vai passar LITERALMENTE três dias numa casa no meio do nada, caçando coelhos, ratos e peixes pra depois dissecar todos eles no laboratório. E olhar os bichinhos que vivem dentro dos bichinhos. E escrever um report acerca. Aiaiai..., chorei!

Fim-de-semana, amigos, fds é amor!
Antes que me perguntem, não, não estou clubbing tanto assim. Verdade, verdade, as últimas festas foram umas pra que eu compreo o ingresso ainda no Brasil e nem assim eu fui. Uma mistura de velhice, pobreza, preguiça... vontade de ficar conversando com o namorado o dia inteiro, etc. É, envelheci. Não me julguem.
Mas isso não quer dizer que meu fds não tenha sido curtido à sua maneira!

No sábado nós fomos turistar! Fomos almoçar na Chinatown de Manchester, em um restaurante "all you can eat": por £7 você pode comer tudo o que aguentar, inclusive sobremesa... só as bebidas que não contam nessa quantia. Se valeu a pena? Não, risos. 
Primeiro: por mais que eu tenha experimentado de um tudo daquele self-service, eu só gostei dos noodles, do omelete, do arroz, banana frita e de uma paradinha cuja textura parece de pururuca, mas é branca e com um gosto mais suave. O frango era temperado com canela. O rolinho primavera tinha um gosto esquisito. Tinha um triângulo que eu juro que tava recheado com tempero de miojo. Enfim, tenso. Tinha sopa também, mas eu acabei nem experimentando... 
As sobremesas tavam gostosas: all you can eat de abacaxi, laranja, pêssego, lichia (!!!), bolo de chocolate e sorvete. SORVETE! Mais gostoso que o do Mc. Comi milhões hahaha.
No fim das contas eu acabei pagando £10.20 (porque eu tomei dois copos de cranberry juice) e esse foi o almoço mais caro da história dessa intercâmbio so far. 

Welcome to Chinatown!
Chinese badulaques!
Quem nunca!
Noodles, omelete, banana, rolinho primavera...
All you can eat of ice cream: a lot.

E depois da comilança, uma passadinha na Manchester Art Gallery e na Manchester Cathedral, onde tava rolando um festival de gordice comida e bebida. Aí as fotinhas: 

A vida não tá fácil pra ninguém.






O churros brasileiro é mtttt melhor!
E domingo, ah, domingo. Domingo é dia de... ficar em casa. Sorte a minha que minha "casa" é gigantesca e cheia de gringos, né?
Como tava fazendo um solzinho, eu desci pra jogar bola com os gringos e brasileiros e fiquei um tempinho lá. Depois teve festinha de aniversário de outra CSFista, com direito a bolo, brigadeiro, forró, é o tchan e todo o resto! 

Enfim, o post ficou comprido, eu sei e I apologise. Mas é que a semana é sempre tão cheia que quando a gente chega em casa só quer saber de cama, namorico, amigos, conversa, comida, etc. Vocês vão ver quando chegarem!

Essa semana também tá cheia de promessas! Tem partida de futebol, blind auditions do The Voice UK, festinhas, viagem pra Liverpool... vocês vão me perdoar se eu demorar mais pra postar? Espero que sim :P 

Beijos, amiguinhos! 
xxxxx

segunda-feira, 6 de maio de 2013

"Então quer dizer que você vai perder um ano?"

É batata: acadêmico de Medicina que tenta o Ciência sem Fronteiras acaba tendo que responder a essa pergunta mais cedo ou mais tarde. Acontece que todo mundo fica meio desapontado quando descobre que você não vai cursar a Medicina propriamente dita na Inglaterra. Alguns ficam super inconformados, discutem, debatem e gritam: "Mas você vai atrasar sua formatura!!!".
Mas e aí, como driblar essa galera chata?

Pois é galera, como eu já disse no post passado, não tem como ir pro Reino Unido pelo CSF sem atrasar um pouquinho a sua formatura, se você é medstudent. Não tem mesmo
É até interessante pra você ponderar as prioridades na sua vida se você quer tentar esse intercâmbio. Você está nesse curso pra ganhar dinheiro rápido? Tá doido pra se formar e começar a ficar rico? Então repense a ideia do programa. 

Contando sobre a minha experiência pessoal, eu posso dizer que apesar de eu ter escutado esse papo de "atrasar" e "perder" algumas (muitas) vezes, soube responder sempre com os melhores argumentos. E eu vou convencer vocês de que esse tempo não é nem de longe perda de tempo. Chega a ser ofensivo pensar dessa forma!!! Claro que eu vou dar ênfase no meu curso e nos meus motivos, mas se você cursa outra coisa na faculdade, pode facilmente adaptar o pensamento a seu favor.

1. Formar bem não é sinônimo de formar rápido.
Taí uma parada que me irrita. Parece que está incrustado na cabeça da maioria dos formandos que quanto mais rápido você pegar seu canudo, melhor médico/profissional você vai ser. Sabem o que eu penso disso? Bullshit. Você vai ser um bom profissional se você tiver uma formação acadêmica boa, e nisso se inclui seu próprio esforço na faculdade mais do que todos os outros fatores. Honestamente, que credibilidade tem um médico de 24 anos no mercado de trabalho? Pois é. Por isso que eu realmente não me importo de "perder" um ano. Verdade seja dita, eu estarei ganhando esse ano, em forma de um conhecimento a que eu não teria acesso no Brasil, um super up no currículo!

2. Quando você vai ter essa chance de novo?
Diz aí, quando? A não ser que você venha de uma família de classe média alta, com possibilidade de sair gastando dilmas pra viajar por aí, é bem improvável que você tenha a chance de ficar um ano rodando a Europa assim. Melhor aproveitar, né?

3. Acrescentar conhecimento vs. substituir conhecimento - a problemática de quem faz graduação sanduíche convencional. 
Primeiro de tudo, o que eu quero dizer com graduação sanduíche convencional? Bom, o próprio nome já diz: um "sanduíche". Você começa a fazer um curso superior no Brasil, vai pra fora e faz um pedaço desse mesmo curso fora, e completa o mesmo ao retorno. Tá, e qual seria a danada problemática?
Eu - e isso é mais pessoal impossível - acho um tanto quanto arriscado ir para um outro país, onde muito dificilmente você domina 100% da língua nativa, e querer aprender com decência todo o conteúdo lecionado, que em teoria (e na prática) faz parte da sua formação profissional!
Por que eu estou indo, então? Basicamente porque eu não vou fazer Medicina propriamente dita lá. Então eu não corro riscos de, por exemplo, assistir a uma aula de Cirurgia em inglês, ficar viajando na maionese e acabar não aprendendo aquilo. Em vez de sair ganhando, eu sairia com um prejuízo de dar dó!
Do jeito que eu estou fazendo, eu só tenho a ganhar. Vou aprender coisas que eu não teria a menor condição de aprender aqui no Brasil durante a faculdade. I win!

4. Enriquecimento cultural.
Esse foi inclusive um dos meus pontos no Personal Statement. Vamos ser coerentes: não só na Medicina, mas em todas as profissões que exigem pelo menos um pouco de relações inter-pessoais,  quanto mais CULTURA você tiver, melhor. Por que? Porque as pessoas são diferentes! 
Pra ser um médico bom, você tem que saber lidar com as mais diferentes personalidades. Você vai atender brancos, negros, pardos, amarelos, índios, judeus, católicos, crentes, ateus, alieníginas (opa, esse não) e tudo quanto há! Se você tem preconceitos, de duas uma: saia da profissão ou disfarce-o muito bem. 
Lembrem-se sempre do Physician's Oath: "I will not permit considerations of religion, nationality, race, gender, politics, socioeconomic standing, or sexual orientation to intervene between my duty and my patient." 
Se você ainda é um neanderthal e ainda carrega esse tipo de preconceito, uma experiência internacional talvez te ajude. Se você já é um ser mais evoluído, enriquecimento cultural nunca é demais!

5. Fator idade e maturidade.
Muita gente com quem eu conversei sobre isso acaba trazendo o fator idade pro papo, seja como "ah, mas tá certa, você é novinha!" ou "ah, eu não posso, eu já sou muito velho".
De fato, acho que o fato de que a maioria de nós estamos na casa dos 20 anos é um ponto muito a favor do intercâmbio. E daí se eu vou me formar com 25 em vez de 24 anos? Que grande diferença isso faz na minha vida? Nenhuma, né. Aliás, a única diferença expressiva que eu vejo é que uma pessoa de 25 anos que morou um ano fora acaba adquirindo uma maturidade/experiência de vida anos-luz à frente de uma da mesma idade que se formou um ano antes, com 24.
Quanto à galera que fala que está "muito velha" pra tentar, bom, eu não concordo com a maioria delas, mas entendo. A maioria dos universitários acaba sendo sustentado pela família, né (eu sei porque eu sou), e é chato ficar dependendo por um período maior. No meu caso, meus pais me deram total apoio, até porque eles não terão gastos comigo no ano que eu estarei fora, então tá tudo bem.
E também tem o pessoal que se sustenta, né, o que é ainda mais problemático. O que fazer quando voltar do intercâmbio? Como arrumar um emprego tão rápido? Coisas a se pensar.

6. Boost curricular.
Auto-explicativo, né? Ao final do intercâmbio, nós teremos um documento oficial dizendo que nós estudamos um ano em uma instituição de nível superior no exterior. Além disso, ainda tem aqueles três meses de estágio na indústria/pesquisa no exterior, que também dá um up e tanto no currículo de uma pessoa... vai que rola uma publicação internacional, já pensou?

Claro que pensando com calma, milhões de outros motivos mais que plausíveis surgirão pra justificar esse ano "perdido". Mas vamos combinar, depois desses seis pequenos itens listados acima, já dá pra mandar um perder um ano é o caralho! Eu estou é ganhando!

Beijo!

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Mamãe mandou eu escolher...

Esse post vai ser mais voltado pra galera de Medicina que está tentando o CSF, sobre a problemática do ciclo clínico e de como escolher um curso de undergraduation adequado/interessante pro intercâmbio.

Para os desavisados, por meio do CSF não se pode cursar as disciplinas clínicas da Medicina no Reino Unido (ou nos EUA). Isso se deve basicamente porque nesses países a formação acadêmica é dividida de modo diferente que no Brasil: lá, de modo geral, o ensino superior é dividido entre undergraduation, graduation e postgraduation. 
O programa CSF é exclusivo para cursos de undergraduation. Até aí tudo ótimo, exceto pelo fato de que não existe um curso de Medicina dentre as opções desse nível de formação! A única coisa que existe são cursos como "Medical/Biomedical Sciences", que correspondem ao nosso ciclo básico: bioquímica, histo, etc. A parte clínica da coisa (onde eu atualmente me encontro, estudando aqui no Brasil) corresponde a um curso de graduation. E a postgraduation é a graduação pra você pegar o pHD, que corresponde ao nosso mestrado.
No que isso infere? 

Medstudents que ainda estão no ciclo básico têm a opção de cursar um daqueles undergraduate courses que eu falei ali em cima, cujas disciplinas se assemelham bastante com as dos 2 primeiros anos dos cursos de Med aqui no Brasil. Não estou dizendo que voltando à Pátria Amada (salve, salve!) todas as matérias serão aproveitadas e nenhum semestre será "perdido". Mas estudando a sua grade em específico e as matérias que te são oferecidas no intercâmbio, pode-se escolher matérias em comum e meio que aproveitá-las no seu retorno, o que já é muita coisa se comparando com o outro caso...
...o caso daqueles que já passaram do básico e estão no ciclo clínico, estudando especialidades (como eu)! Nós, pobre medscravos que cursamos do segundo ano adiante não temos a opção de continuar cursando especialidades em terras britânicas (que corresponde a um curso de graduation, como eu já disse milhões de vezes). Pra gente sobra duas opções, então: 
- a primeira é encarar o ciclo básico de novo. Você se inscreveria pro mesmo curso que um estudante da área básica e estudaria bioquímica, histologia, biofísica, e demais coisas chatas de novo. Em inglês. Com a obrigação de ter um rendimento acadêmico adequado pra não correr o risco de perder a bolsa. Daora, ein? Só que não (pelo menos não pra mim).
- a segunda opção - a minha opção - foi a de escolher cursos relacionados à saúde, mas que não são Medicina propriamente dita. Como assim? 

Antes de começar a pirar aí, fica sossegado que o UUK libera uma lista de cursos disponíveis pro intercâmbio com alguma antecedência. Tendo essa lista em mãos, você pode começar a vasculhar todas as universidades e cursos disponíveis, levando em consideração as suas devidas prioridades: se você tem prioridade por uma cidade em específico, tipo Londres, você pode focar a sua pesquisa nas universidades de lá. Se você tem prioridade por um curso que combine com o que você quer, cagando pro buraco em que fica a universidade que o oferece, procura focando nos cursos.

Eu tinha prioridade pelo curso. Quem me conhece pessoalmente sabe que eu sou completamente tarada em Doenças Infecciosas e Parasitárias (DIP), e passando o olho nessa lista eu vi alguns cursos com essa temática, por exemplo o curso no qual eu fui aceita (Human biology and infectious diseases - University of Salford). Além desse também tinha um de Tropical Diseases em Liverpool e um outro parecido em Glasgow, mas não botei nenhum deles de opção. Pesquisando um pouco mais, eu vi que tinham outros cursos relacionados à saúde: Neurosciences, Public Health, Healthcare Sciences, Midwifery, enfim. Uma série de opções pra você que quer estudar fora mas não tá afim de decorar todo o Ciclo de Krebs de novo... em inglês!

A única coisa chata dessa segunda opção é que não rola aproveitamento de disciplinas pra quando você voltar ao Brasil. No meu caso, por exemplo, eu vou concluir o 8º período e ir embora. Chegando lá, vou ficar um ano estudando, certo? Quando eu retornar, minha turma original vai estar indo pro 11º período, praticamente formandos! Já eu vou estar indo pro 9º, com um ano de atraso.

Mas esse intercâmbio configura um atraso?
Sei não, hein... isso é papo pra outro post!

Beijos!