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domingo, 25 de janeiro de 2015

Culinária sem fronteiras: VERY YUMMY AND FLUFFY AMERICAN PANCAKES!



Antes de qualquer coisa preciso dizer que já testei algumas receitas para o "prato" em questão, todas me presentearam com saborosas panquecas; mas essa aí embaixo, testada no primeiro dia de 2015 e aprovada por toda a família, me alegrou com as panquecas mais fofinhas, deliciosas e bem-sucedidas de todas!

Obs.: é necessário alertar que sou APAIXONADA por comida/culinária, portanto, não se assustem com os adjetivos exagerados para o assunto em pauta.

Finalmente, A RECEITA!

Rendimento: algo em torno de 8 panquecas de tamanho mediano.

  • INGREDIENTES
- 1 xícara e meia de leite de vaca (desnatado ou não);
- 1/4 de xícara de vinagre branco (parece estranho, mas confie em mim!);
- 2 ovos;
- 1/4 de xícara de manteiga derretida
- 2 xícaras de farinha de trigo;
- 1/4 de xícara de açúcar cristal;
- 2 colheres de chá de fermento em pó;
- 1 colher de chá de bicarbonato;
- 1 colher de chá de sal;
- 1 colher de chá de essência de baunilha.

  • MÃOS NA MASSA
- Em uma tigela razoavelmente grande coloque o leite e o vinagre: deixe de lado por uns 5 minutos (o tempo que leva para o leite "azedar" - do not fear! - é isso que vai deixar as panquecas fofinhas);
- Em outra tigela combine: farinha, açúcar, fermento, bicarbonato e sal. 
- Misture os ovos, a manteiga derretida e a essência de baunilha com o leite "azedo";
- Junte os ingredientes secos aos molhados;
- ATENÇÃO: nesse momento deve-se tomar cuidado, se você misturar muito, a massa vai ficar líquida demais e ao colocar na frigeira ela vai se espalhar toda - o ideal é misturar até que os ingredientes secos e molhados se integrem, mas não é necessário que a massa fique completamente homogênea;
- Unte uma frigideira (preferencialmente anti-aderente- facilita a vida) com manteiga (usando papel toalha mesmo) e a aqueça em fogo médio; coloque 1/4 de xícara de massa na frigideira e novamente, ATENÇÃO - quando bolhinhas surgirem na superfície da panqueca e as bordas começarem a ficar marrons é hora de virá-la com uma espátula - sem medo! Eu, mesmo sendo super desastrada, consigo. Deixe o outro lado ficar marrom e... PRONTO! 

Como no Brasil é difícil achar maple syrup, me acostumei a comer panquecas com mel e frutinhas picadas. Fica uma delícia! Manteiga também é uma boa pedida - por lá (EUA) eles geralmente colocam manteiga e syrup. Você também pode chutar o balde e passar nutella, leite condensado e afins! 

Sr. Thomas e as panquecas (baby brother... not so baby anymore)!

Eu tentando ser fofa <3 Como? Coloque um pouco de massa num saquinho, faça um furinho na ponta e desenhe o que quiser na frigideira; espere uns segundos e coloque 1/4 de xícara de massa por cima - o resultado é esse aí!

 Agora, quem é essa doida da receita? Nicole Luperini, 23 anos, estudante do 4o ano de medicina. Apaixonada por:
- Culinária;
- Palavras (sejam elas escritas por mim ou pelos outros);
- Doenças infecciosas;
- NYC, San Francisco e Estados Unidos no geral;
- Viagens e...
- Comida de novo! 
Uma combinação um tanto quanto estranha, hei de convir. 
 Morei 12 meses em Nova Iorque pelo Ciência sem Fronteiras - e foi o melhor ano da minha vida (so far, espero eu)! 
 E o que eu tenho a ver com a Rayra? Ela foi a primeira pessoa que conheci quando me mudei para o Rio (sou do interior de São Paulo, sem julgamentos para o meu sotaque), e se tornou uma de minhas melhores e mais queridas amigas. Fiquei muito feliz quando, hoje à tarde, recebi o convite para escrever receitas por aqui... Espero que gostem! 

Ps.: se quiserem receita de algum prato específico, ficarei feliz em ajudar e, se eu nunca tiver feito, ficarei mais feliz ainda em procurar uma receita e testá-la pra vocês.

XOXO (pra soar mais nova iorquino... a la gossip girls)

Beijos




Culinária sem fronteiras: escondidinho maromba.

Olá, gente linda!

Adivinhem só... o post é de gordice, weee! Mas calma, gente, hoje é uma gordice um pouco mais fitness: minha nova "criação", o Escondidinho Maromba (AKA escondidinho de frango com batata doce). 
#instafood #foodporn
#ficagrandeporra
Mas antes que alguns de vocês caiam me mortificando, deixa eu me explicar. Gente, eu não sou marombeira, juro. Aliás, tem quase dois meses que eu não vejo academia, e mesmo quando eu vou na academia, eu sou dessas que ficam meia hora na esteira/elíptico e me considero fitness o bastante pra voltar pra casa, vestir o meu pijama e ser feliz. Academias, de modo geral, são ambientes que me deixam um tanto quanto... contida. Mas enfim.
O escondidinho maromba é apenas uma opção saudável pro nosso escondidinho de todo dia, apenas substituí a batata por batata doce (que diga-se de passagem eu nunca tinha nem experimentado antes dessa receita) e usei frango em vez de carne (mas isso é normal). É uma parada facinha de fazer, com ingredientes baratos e que rende que é uma beleza. E além de tudo só tem proteína e carboidrato complexo. Se isso não é amor, meus amigos, eu não sei o que é. 


Vocês perceberam que eu dei uma parada nos posts de culinária desde que o intercâmbio chegou ao fim, né? Eu estava morando em um apt onde cozinhar estava meio complicado, mas agora eu me mudei e tudo ficou mais lindo. Além disso, o apt é mais caro que o outro, então cozinhar se tornou uma necessidade monetária. Quem mora no RJ sabe que os preços estão cada vez mais absurdos, e uma ida em restaurante, comendo 300g de comida e uma bebida, te tira bem uns 25 reais da carteira. Ou mais. Vamos cozinhar, minha gente!

Mas, vamos deixar de entretantos e partir para os finalmentes!
O que nós precisaremos pra cozinhar esta deliciosa gororoba fitness? 

Ingredientes
  1. Peito de frango (eu sempre compro o filé de peito, porque eu sou preguiçosa. Dá pra comprar o peito inteiro, que vem com a ossada e custa mais barato também. Não vai fazer muita diferença no preparo.)
  2. Batata doce
  3. Leite
  4. Manteiga/Margarina
  5. Cebola*
  6. Tomate*
  7. Pomarola/Massa de tomate
  8. Manjericão*
  9. Limão*
  10. Azeite
  11. Sal
  12. Alho
  13. Queijo muçarela (sim, com ç e não com ss)
  14. Milho, se vocês gostarem

* Todos estes ingredientes eu usei para temperar o frango. Mas vejam bem: tempero é uma parada subjetiva, e eu mesma estava fazendo essa receita pela primeira vez. Existem coisas aí que em uma segunda tentativa eu não usaria e substituiria por outras. Eu vou comentando ao longo do preparo, ok? Não tenham medo de fazer novas experiências com temperos de suas preferências!

Modo de preparo

  1. A primeira coisa que eu fiz foi deixar o frango marinando com alho, sal, cebola e limão. Pra quem não sabe o que é marinar, é só temperar o frango bem temperadinho, botar em um recipiente coberto e deixar na geladeira por algum tempo, pro alimento pegar o gosto. 
    Nessa fase aí, em uma próxima ocasião, eu já mudaria alguma coisa: eu tiraria o limão e acrescentaria ervas finas, manjericão e pimenta preta, porque eu achei o gosto do limão meio overpowering na receita pronta. Tudo o que eu sentia era limão limão limão. Acho que com outros temperos a parada ia ficar mais gostosa.
    #adorolimão
    Outra dúvida minha (percebam, eu sou tão noob na cozinha quanto a maioria de vocês) é que eu fiz o frango na panela de pressão, como eu vou contar no próximo passo. Aí não sei se marinar é de fato necessário. Mas por via das dúvidas, why not. 

  2. Depois que seu frango tá #marinadinho, coloque um fio de azeite em uma panela de pressão, acrescente o frango e todos os temperos que estavam juntos com ele, um ou dois tomates picados (pode picar de qualquer jeito) e um meio copo de água. Coloque mais um pouquinho de sal nessa hora porque o tomate é adocicado, né, mas cuidado pra não salgar demais e ficar aquela parada que ninguém consegue comer. Feche a panela, deixe no fogo médio-alto até começar a chiar, abaixe o fogo em seguida e deixe na pressão por uns 15-20 minutos.

     
    Gente, eu realmente não marquei e nem medi nada (as usual), porque sou dessas que se metem a cozinhar instintivamente na cozinha. Peito de frango não demora muito pra cozinhar, ainda mais na panela de pressão! É só tomar cuidado pra água não secar e seu frango queimar. Se você tem dúvida se ainda tem água ou não, é só dar uma chacoalhada na panela. Se você ainda tem dúvida, desligue o fogo, espere a pressão sair, abra a panela e confira, simples assim. Na pior das hipóteses você vai ter que acrescentar água/repetir o processo. 
    Lembrando também que não precisa ser necessariamente na panela de pressão. Pode fazer em panela normal, é só esperar mais um pouquinho.

    Classe social: botando a faca pra panela pegar pressão, já que a borracha tá cagada.
  3. Quando o frango estiver cozido, é hora de:

    - Acertar o tempero: dá aquela provadinha, vê se falta sal, pimenta, etc. Ah, uma dos "macetes" que eu uso quando eu salgo demais meus molhos/comidas molhadinhas é acrescentar um golinho de leite. Não sei se isso é um conhecimento geral, mas eu faço e funciona. Vai saber.
    - Desfiar o frango: eu nunca tinha desfiado um frango na minha vida, daí eu simplesmente peguei a colher de pau e comecei a amassegar o bicho até ele desfiar todinho. Acho que se seu frango não desfia fácil assim, pode deixar cozinhando mais um tempo, porque o meu foi rapidex.
    - Aproveite e amassegue os tomates/temperos junto com o frango e a água restante. Se ficou ralo demais, acrescente um cadinho de pomarola/massa de tomate. Acerte o tempero se for necessário. Eu acrescentei milho nessa hora também.

     
  4. Ow, vocês já podem ir colocando a batata doce pra cozinhar lá junto com o frango (não no mesmo recipiente, mas no mesmo momento), com um cadico de sal na água. Claro que você tem que descascar a batata antes, né. Quero dizer, não sei se é "claro", porque eu também nunca tinha cozinhado batata doce, mas eu fiz assim porque sei lá. Deu certo.


  5. Quando a batata estiver cozidinha (é só fincar um garfo nela e ver se ela tá amassando com facilidade, afinal de contas não é porque a receita é fitness que nós queremos usar toda a força mecânica dos nossos bíceps pra fazer um simples purê), use um garfo ou um daqueles espremedores de batata/fazedores de purê (e de preferência a mão de obra do seu irmão mais novo/housemate chato que está rodeando querendo comer) pra espremer toda a batata que tá cozida. Eu cozinhei duas batatas e não foi o bastante pra cerca de 400g de frango. Eu recomendo duas batats grandonas, ou melhor ainda, umas três. Melhor sobrar que faltar.

     
  6. Hora de fazer o purê. Jeito de fazer de purê e c*, gente, não adianta, cada um tem o seu. A minha receita de purê de seja lá o que for é manteiga > alho > espera dourar um pouco > batata amassada > mistura > acrescenta leite > mistura > acrescenta leite até atingir a consistência desejada (que também varia muito de pessoa pra pessoa).
    A parada com a batata doce é a seguinte: ela é doce. Eu não gosto de comida doce e nem pretendia fazer um escondidinho de doce de batata doce. Então eu além disso tudo, fui acrescentando mais sal na receita. Depois eu ainda espremi um coisinho de alho no meio, acrescentei mais sal, etc. É experimentando que se chega lá, gente. Sempre acrescentando as paradas de pouquinho em pouquinho e provando.

  7. Com seu frango desfiado com molho e seu purê de batata doce prontos, chega a parte mais fácil: montar o escondidinho. Nossa, gente, pra montar um escondidinho, essa parada super complexa, tem que ter pelo menos uns dois neurônios: um pra informação chegar do cérebro no seu músculo e uma pra voltar. Não tem mistério.
    Pra quem não sabe: uma camada de purê, uma de frango e outra de purê. Acrescenta queijo por cima e leve ao forno pro queijo derreter/dourar. Ou, como eu fiz, deixei no purê e acrescentei fatias de muçarela à medida que eu ia me servindo ao longo da semana (porque sim, eu faço comida pra durar pelo menos 3 dias). O queijo derretia no microondas!

     
      
    Vergonha de postar essa foto horrorosa em que eu, sem maquiagem, faço cara de retardada pra comer: não tenho. OBS: rocking my Manchester City T-shit.
Gostaram da receita? Simplérrima, mas gostosinha. E você ainda pode chamar de "Sweet Potato Cottage Pie" e ainda pagar de cosmopolita, já pensou? Ê chiqueza! 

É isso então! E tem novidades!!!!
Eu, como vocês podem perceber, sou pré-escolar no quesito culinária. Mas eu tenho uma amiga, ex-CSFer como eu, que morou em NYC, que é mestre no assunto e... guess what! Ela vai começar a postar aqui pra vocês! Ê, beleza, ein! 
O nome dela é Nicole e ela vai ensinar coisas deliciosas pra vocês (e pra mim também).
Apresento-lhes, Nicole! Nossa chef CSFer!
 Vocês podem seguir o Instagram dela cheio de foto de comida deliciosa clicando na foto abaixo! 

@luperini.nicole veio salvar nossos estômagos da mesmice!
Então já sabem, nos próximos posts confiram o autor pra saber quem é a voz que vos fala! 

Beijocas, lindezas! 
Bon appetit! 

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Human Biology and Infectious Diseases e Medicina: compensa?

Enrolei muitão pra escrever esse post, né, gente? Mas antes tarde do que mais tarde, não é o que dizem? Pois então, hoje, a pedido de muitos, incontáveis estudantes de Medicina interessados na Uni of Salford, eu vim contar sobre a minha experiência com o curso que eu escolhi: Human Biology and Infectious Diseases (HBID).

Featuring: cara de bolacha.
Como vocês podem ler aqui e aqui, eu tive motivos o suficiente e expectativas mil para esse curso. Eu sempre fui encantada por doenças infecciosas, infectologia era (e ainda é) uma grande opção de residência e a perspectiva de passar um ano estudando só isso era surreal. Fui mega animada achando que ia terminar meu ano de intercâmbio praticamente com um título de especialista em infecto... oh well... about that... o que eu não imaginava era que o curso em si não era tão aprofundado quanto eu pensei. E não tão voltado à biologia humana assim. Mas vamos tópico por tópico?

 
Sala de aula: até aquecedor pro pezinho rola. 
No 3º ano de Human Biology and Infectious Diseases, eu cursei cinco disciplinas, e vocês podem ler a descrição oficial delas aqui, é só clicar na tab "Course Details". Eu vou dar a minha própria descrição aqui e já vou logo avisando: elas não vão ser as mais encorajadoras.

1. Advances in Pathophysiology

Nessa matéria eu passei o ano inteiro estudando duas coisas: DPOC e Asma. Sério, o ano inteiro.
A professora da disciplina era a Drª Lucy Smyth, super britânica, e as aulas eram às segundas-feiras. Então a minha primeira aula de todas na University of Salford foi exatamente dessa disciplina. E eu lembro bem que a primeira aula foi uma revisão do ano anterior... e a revisão era de que? Fisiologia cardíaca. O que me lembra que tem um causo pra contar...

 
Spotted: Profª Drª Lucy Smyth.
Bom, na primeira parte da aula a professora estava lá, com o super multimídia dela, distribuindo controles remotos para cada aluno para a gente responder os questionários que ela passava no quadro como se nós estivéssemos na plateia do Domingão do Faustão, dando nota pro Dança dos Famosos. Sério. Altas tecnologias.
Mas enfim. Vocês podem imaginar que uma estudante de Medicina, que terminou o 8º período, já passou por fisiologia 1, 2 e Cardio na faculdade, de modo que pelo menos o básico de fisio cardíaca eu sabia. O que ela estava falando na aula, eu sabia... em português. Mas as denominações em inglês eram coisas novas pra mim, então eu tive a *brilhante* ideia de ir conversar com a Lucy no intervalo.
"Hey, sorry to bother you so early, but I'm Rayra, a Science Without Borders student... don't know if you heard of it yet. Anyway, I'm a medical student, and I've studied all of this, but I'm having huge trouble with the names in English... do you have any books or references to recommend so I can catch up with the terms?" 
Ah, mas pra que. Na segunda parte da aula, acho que a professora meio que resolveu botar meu conhecimento e minha "cockiness" à prova, e começou a fazer as perguntas diretamente pra mim. Teve uma hora que ela simplesmente botou o pointer na minha mão e falou: aponta qualquer estrutura e dê o nome. Eu, com o cu na mão, consegui apontar o Nodo Sino-Atrial e dar o nome... todo cagado. "Sinoatrial.............node?" "Yes, that's right, sainoeitrial node". E foi assim que minha cara foi no chão. Mas EU AVISEI que não sabia os nomes em inglês, bosta. #chateada]

Prática de cardio, em que a gente teve que reconhecer as estruturas em um coração... de veado.
Tá, mas back to our goats, depois de passada as revisões de fisiologia cardiorrespiratória, começou o que seria a matéria real: Asma e DPOC. Fisiologia, métodos e exames diagnósticos, como fazer e interpretar os resultados de uma espirometria, visitas facultativas a um hospital, uma prática de fisiologia respiratória no exercício, e um trabalhinho em grupo. O que aliás, me lembra de outro causo...
Mr Potter fazia aula conosco, mas era o Mr Potter errado.  
Enfisema Emphysema ft. Skittles!
Graças à viagem de campo de Biology of Parasites (que eu vou contar mais abaixo), eu fiz amizades na sala de aula, e eu não fiquei sozinha pra fazer grupo. O trabalho era basicamente interpretar um caso clínico e dar o diagnóstico... mas vejam bem, só tinham dois diagnósticos possíveis: DPOC ou asma. Acontece que eu, como única estudante de Medicina da turma, resolvi que meu grupo deveria seguir um raciocínio médico: listar os problemas, dar diagnósticos anatômico, sindrômico, diferencial e hipótese diagnóstica, considerando toda a gama de doenças possíveis, inclusive (e principalmente) doenças infecciosas. Eu lembro bem de que o cara tinha um fator de risco ocupacional, inclusive. Enfim, os meninos (dois Allan's, diga-se de passagem) concordaram comigo, nós fomos o único grupo a dar diagnósticos diferenciais tão extremos como Tuberculose e Esporotricose, e também fomos o grupo a tirar a maior nota da sala: 80!
Eu acabei fazendo o meu Summer Placement também nessa área, mas isso eu conto em outro post.

Eu e Manu trabalhando duro no Summer placement.
2. Clinical Immunology

Tá, é hora de começar a admitir as furadas do intercâmbio. Minha assiduidade nas aulas de imunologia foram um tanto quanto... peculiares. Mas tem explicação.
Primeiramente, eu já havia passado por imunologia na Unirio e, diga-se de passagem, a imunologia por aqui é bem aprofundada e bem foda de passar. Não é como se eu me lembrasse de muita coisa, mas eu lembrava o suficiente pra passar na matéria sem ir nas aulas teóricas.
O foda foi as práticas. Eu me lembro bem, minha primeira aula prática de imunologia, eu e a Beatriz (que também fazia o mesmo curso que eu), com um livro de instruções pra fazer nem-lembro-o-que e eu, que não sabia nem pipetar, mais perdida que filho da p*ta em dia dos pais. Fui até o professor, Dr. Stephen Heath e pedi ajuda. Disse que eu era estudante de medicina, que no Brasil nós não tínhamos aulas práticas em laboratório, se ele podia me ajudar. O cara simplesmente olhou pra mim de cima pra baixo e me perguntou o que eu estava fazendo no terceiro ano de HBID se eu não conseguia nem pipetar. Falou que eu deveria voltar pro primeiro ano ou pagar à parte pra fazer um curso, porque ele não me ajudaria. Escroto pra cara**o.

Primeira lab class: feliz da vida pegando em uma pipeta.
Não preciso dizer que a gente não conseguiu terminar o experimento à tempo, nossos resultados foram um lixo, eu me senti um lixo e tomei raivinha da matéria né. Não fui mais às aulas práticas, tentei desfazer minha matrícula na disciplina, mas não deu... enfim. Fiz os trabalhos (não todos), e passei na matéria no final, e isso é que importa.

Eu ri pra não chorar.
Naquela tal viagem de campo eu descobri que o Dr Stephen Heath não é tão babaca quanto ele parece. Mas que deu raiva, deu.

3. Veterinary and Zoonotic Infectious Diseases

Doenças infecciosas zoonóticas e veterinárias. Veterinárias... VETERINÁRIAS. É tudo o que eu lembro dessa matéria. Juro pra vocês gente, depois que eu tive uma aula sobre tuberculose bovina, eu meio que me desestimulei da matéria. Como vocês podem ver, muitas coisinhas me desestimularam do curso no fim do dia.
Pra vocês terem uma ideia, o trabalho em grupo que eu tive que apresentar em VZID (que, aliás, eu não fiquei sem grupo graças à mesma viagem pra Malham que eu já mencionei trezentas vezes), foi sobre os parasitas do panda gigante. Sério, gente, que estudante de Medicina na vida ia querer fazer uma trabalho sobre isso. Que se dane o panda, gente, eu quero é cuidar de gente! Fiquei muito frustrada, de verdade.

4. Medical and Public Health Microbiology

Ah, o professor de MPHM era muito engraçadinho, gente! Aliás, eram dois: Dr. Richard Birtles e a mocinha, mas eu esqueci o nome dela.
A aula era pura microbiologia, e é por isso que eu fiquei meio sem saco no final das contas, porque, né, já tinha estudado tudo e passado na matéria no Brasil, meio que não queria estudar isso de novo. O que eu me lembro de todas as aulas foi quando ele comparou a sogra dele com uma vaca, e falou que nós temos 10 bactérias pra cada célula do nosso corpo. Cara, é bactéria pra cac*te.
As aulas práticas também foram muito daora. A gente teve que fazer cultura de bactérias do nosso ambiente e microbiota em diferentes meios, e isso é uma parada que eu não tinha feito no Brasil. Aliás, crescer cultura, corar culturas e fazer antibiograma, coisas muito legais que eu queria poder fazer de novo! Meu par nessa prática foi o Thiago, brazuca, CSFer e estudando farmácia, então o que eu não sabia, ele me ensinou! Foi bem legal mesmo!

Status: apaixonada pelos meus cocos Gram+
O report que é meio chatinho de se escrever. Aliás, todos os reports que eu tive que escrever eram meio insuportáveis, porque eu tive que lidar com estatísticas e gráficos, coisas em que eu não sou exatamente boa. Mas vida que segue.

5. Biology of Parasites

Essa matéria foi um mix de parasitologia e doenças infecto-parasitárias: a gente estudou os ciclos dos bichinhos e a patogênese das doenças que eles causam no corpo humano. Então, foi até gostoso de estudar, e meio o que eu estava esperando de todo o curso de HBID quando eu saí do Brasil. A minha frustração foi somente que as doenças que eles estudaram (e me fizeram estudar) foram bem básicas... tipo malária e dengue, doenças diarreicas e esse tipo de coisa. Tipo, eles estudaram dengue como se fosse a coisa mais rara do universo (e de fato, pra eles é, né). Eu assistia a essas aulas pensando: cara, essa galera podia passar um mês estudando doenças infecciosas no Brasil, e aí sim a gente ia ter uma conversa de igual pra igual.


A prática, como eu já mencionei, foi uma viagem de campo. Eu não vou entrar em detalhes, porque eu já escrevi um post só sobre isso, e vocês podem lê-lo aqui. Resumidinho, nessa viagem de campo a gente foi pra um lugar bem no meio do nada, em uma casa enorme cheia de laboratórios e quartos, e tivemos que "botar a mão na massa" pra procurar por vermes em peixes, coelhos e ratinhos. Claro que nós tivemos que escrever um artigo sobre isso depois, com todas as estatísticas ao longo dos anos e tudo... o que me fez ter que sentar a bunda na cadeira e aprender a fazer estatísticas no excel.

Rocking the chi-squared test.


 

O legal disso foi que tendo todos os alunos juntos nessa furada situação, fez com que a aproximação com eles acontecesse de modo mais natural. Rolou até professor bêbado vindo falar com a gente sobre quando ele passou um tempo no RJ, dez anos atrás, pra estudar Doença de Chagas (amigo, se quisesse estudar Chagas era melhor ter ido pra Belém, não?).

 
Malham Fashion Week
Achei muito legal também a estrutura do lugar. Muitos quartos, laboratórios, café da manhã, lanche pro almoço, jantar, um bar no lugar, biblioteca... fora o lugar em si, que era um paraíso pra aspiras a fotógrafos. Foi bem legal! Me deu até saudade, agora, por deus do céu.

 
 
David arrasando no Giant Jenga.
Sabe, eu queria voltar no tempo e tentar curtir ainda mais a situação, ir com o coração mais aberto mesmo. Aliás, olhando assim, nesse clima lookback, eu queria ter curtido mais todas as disciplinas. Percebo hoje que, apesar de não ser exatamente o que eu estava procurando, poderia ter sido bem mais engrandecedor. Mas enfim...
Minha grande conclusão, objetivamente falando, é que HBID é sim interessante para um estudante de Medicina, mas só se for um estudante que ainda não tenha rodado em Parasito, Microbiologia, Imuno e DIP (matérias que, pelo menos eu, concluí no quarto e sexto período da faculdade).
Subjetivamente, como eu concluí ali em cima, varia muito de receptividade e disposição. Eu confesso que fui perdendo o interesse na faculdade ao longo do intercâmbio, sentindo falta de hospital, medicina e contato com pacientes. Talvez se eu tivesse permanecido de coração aberto, teria tirado muito mais proveito da situação.
Mas agora já passou, e só me resta mesmo olhar com saudosismo e gratidão.

Espero que eu tenha ajudado vocês a tomar uma decisão!

Beijos!

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

#crônicas: je veux uma colher pra beber vinho, s'il vous plaît.

Janeiro de 2014, eu em minha primeira vez em Paris, com minha melhor amiga à tiracolo. Esse é o cenário de mais um fato cômico que aconteceu comigo durante meu ano de intercâmbio. Aliás, Paris já começa cheia de histórias hahaha.

Parríiiii!
Vocês já devem ter recebido o mesmo conselho que eu de algum abelhudo, alguma vez na vida: franceses não gostam de estrangeiros. Franceses não gostam que lhes dirijam a palavra em inglês. Franceses isso. Franceses aquilo. É ou não é? Pois então, nessa minha primeira vez em Paris, eu fui cheia de receio. Saí decorando frases úteis, evitando ao máximo pedir informações e, se eu realmente precisasse, que eu pedisse pro indivíduo com mais cara de estrangeiro possível. Tipo um asiático. Turistas ajudam turistas sempre, em qualquer lugar do mundo. 

Cheguei da Bélgica em Paris, via Megabus, no Porte Maillot. Fui seguindo o fluxo de passageiros até o metropolitan, e chegando lá me virando com a maquininha de comprar o ticket diário. Minha tristeza foi que eu não consegui usar e fui obrigada a ir no guichê comprar direto com o atendente.
"Salú. Jê nê parlê pá frrrancê. Parlê vu anglê?" Essa foi minha frase clichê decorada para toda e qualquer situação em que eu precisasse falar com algum nativo. Momentos de tensão. 


Pezinhos no metrô parisiense.
Enfim, comprado o ticket, eu precisava chegar no Hostel. E, mano, entender um mapa de metrô - de Londres ou Paris - na pressão, é tarefa árdua, amigos. Com a graça de Nossa Senhora dos Mochileiros Desesperados, que rogou por mim, cheguei na estação do albergue, que ficava no clássico bairro de Montmartre. O bairro da Sacre Coeur, boemia, Le Chat Noir, Moulin Rouge e, o lugar mais próximo do meu coraçãozinho, Le Deux Moulin: o café onde Amélie, do filme Le Fabuleux Destin d'Amélie Poulin trabalhava.

Sacrecré.
Ô sofrença.
Lá na estação, eu tive que usar o meu francês maravilhoso pra perguntar qual é a rua que eu precisava. "Bonjour monsieur! U ê le ru Lepic?" Depois de um grunhido mal humorado, uma repetição da pergunta e um aceno de cabeça, ele meio que me respondeu. Da maneira mais francesa possível. O importante é que eu achei o hostel, me instalei, me arrumei e bati perna o dia inteiro.

Quando eu tive a chance de entrar dentro do Le Deux Moulin, já era o outro dia, com a Marília. Ela é francofônica, então esse dia foi muito mais lindo e prazeroso. Só passei vergonha pedindo crepe lá perto da Basílica de Notredame (jê vô an crepe du frrrromage avec - insira carne em francês aqui porque eu não lembro). Mas enfim, foco. 


Lá no Le Deux Moulin, eu e a Lila pedimos uma taça de vinho rosê cada. E lá é lindinho, porque eles servem pipoca como aperitivo. 0800 manolos. Tudo que é 0800 pra mochileiro é manjar dos deuses. Mas acontece que Amélie Poulin é um dos meus filmes favoritos de todos os tempos, e eu queria muito muito tirar uma foto como a clássica foto da Audrey Tautou com a colher. PRE-CI-SA-VA.

Pipoca com vinho, why not.

O contexto dessa foto da Audrey é quando a personagem, Amélie, conta como ela ama quebrar a casquinha de açúcar de um créme brûlée antes de degustar. Uma das minhas opções para ter minha foto era tão simples como... pedir um créme brûlée. Mas acontece que como para todo mochileiro, dinheiro era uma questão importante. Pedir uma sobremesa que me custaria 10 euros por causa de uma colher era meio que fora de cogitação. 

Então eu fiz o que todo brasileiro descarado faria: chamei o garçon... e pedi uma colher. Pra comer a pipoca cortesia. E beber meu vinho. E obviamente fui chacoteada pela minha amiga E pelo garçon, que, honestamente, já deve estar acostumado tanto com o pedido inusitado como com brasileiras inconvenientes hahaha. O importante é que eu consegui minha foto. O resto é resto. 


Eu e Lilocs. Lilocs e eu.
Moral da história: não tenham medos de serem... peculiares. É melhor se arrepender de uma vergonha que de não ter tirado sua foto dos sonhos. Beeeijos.